domingo, 31 de janeiro de 2010

Não existe futebol sem Fla x Flu

O que seria do futebol brasileiro sem Fla x Flu? Não falo de Flamengo e Fluminense individualmente. Me refiro a essa sigla criada por Nélson Rodrigues e essa história criada, agora sim, pelo rubro-negro e pelo tricolor. Além disso, convidados ilustres participam da partida. Gravatinha para o Fluminense, Sobrenatural de Almeida por quem ele quiser e toda a torcida, que pinta o Mário Filho de grená, verde, branco, preto e vermelho.

Não existe Fla x Flu sem craques. Não existe Fla x Flu sem emoção. E o mais importante: não existe Fla x Flu que não vire história e lembrança. Um simples zero a zero em qualquer momento alavanca emoções de qualquer torcedor. Eu disse qualquer torcedor. Sem gols já é emocionante. Imagine com 8?

Foi o que aconteceu nesse histórico domingo, dia 31 de janeiro de 2010. A ode, a ópera, o espetáculo – qualquer termo que glorifique – aconteceu entre o Império do Amor e o Time de Guerreiros. Mas vamos à partida.

Um primeiro tempo equilibrado, corrido e disputado. Mesmo com essa igualdade, o Fluminense levava vantagem na velocidade de Maicon, Conca e Alan. Júlio César apoiava bem pelo lado esquerdo e Mariano pelo direito. A zaga rubro-negra era lenta e desorganizada enquanto o Flu atacava.

E a efetividade tricolor transformou-se no gol de Alan aos 14 minutos, que recebe grande passe de Diguinho e manda às redes rubro-negras. 1x0 Fluminense.

O Flamengo parte para cima e tenta equilibrar a partida. Mas debilita-se na forte marcação do Fluminense que encontra o posicionamento correto para deixar Adriano e Vagner Love fora do jogo. Ou melhor, o jogador correto. O cerebral Petkovic não encontrava espaços para fazer o jogo do Fla fluir.

O único chute – chute mesmo, com perigo – foi no gol do Fluminense, com Alan, e o segundo também, depois do penalty convertido por Conca. 2x0 Fluminense. Antes disso, Maicon havia sido derrubado por Angelim, depois de boa troca de passes, onde o pó-de-arroz envolvia a zaga rubro-negra.

Logo em seguida, aos 42, Diguinho derruba Adriano depois de jogada infantil. Penalty claro. O Imperador concretiza um bonito chute. Rafael, goleiro do Fluminense até hoje procura a bola. 2x1 Flamengo.

Aos 44 minutos, o guerreiro Cássio aventurou-se ao ataque. Depois de boa troca de passes dentro da área, o zagueiro desfez-se de Ronaldo Angelim e chutou forte. Bruno fez uma grande defesa. Na cobrança de escanteio, o incansável e predestinado Cássio marcou de cabeça, depois do desvio no jogador rubro-negro. Estava escrito: aquele era o gol dele, tinha que ser dele. 3x1 tricolor.

Fim do primeiro tempo. Seria goleada e outro baile tricolor no segundo tempo? Não. De jeito nenhum. A democracia também faz parte do Fla x Flu.


Como diz – disse hoje – o PC Vasconcelos, “não existe substituição errada, existe substituição que dá e que não dá certo”. Frase perfeita. Andrade mexe bem. Tira Petkovic que estava apagado e coloca o jovem Vinícius Pacheco. Fernando sai e cede o lugar para Willians. Esse é o ponto crucial do jogo.

Com tudo isso, o segundo tempo começa arrasador para o Flamengo e sufocante para o Fluminense. Tão arrasador que saem dois gols em 10 minutos de jogo. O apaixonado Vagner Love aos 7 e Kléberson aos 8. Não estava 3x1? Pois é, agora é 3x3. Isso é Fla x Flu. Tudo pode mudar em minutos, segundos, centésimos.

O Flamengo leva o Fluminense às cordas. Parte para cima, encontra o ritmo de jogo. O Fluminense defende-se, e muito mal por sinal.

Todos pareciam acreditar que o tricolor poderia vencer o jogo. E essa esperança se renovou depois da expulsão de Álvaro, que levou o segundo amarelo depois de uma entrada dura em Conca. Poderia, só isso. Frustração de uns também é outro sentimento de um Fla x Flu. Com um homem a mais e voltando a partir para cima, o Time de Guerreiros se abre demais atrás e cede espaços para o Flamengo. Guerreiro não é só o Fluminense. O atual campeão brasileiro também é.

Espaço tão bem cedido que Adriano recebe grande passe aos 37 e faz o quarto. É a sensacional virada do rubro-negro!

E não para por aí. Para selar a grande vitória o Imperador recebe em posição regular depois de grande jogada de Vagner Love. Fica frente a frente com Rafael, marca o quinto e derruba a defesa tricolor, que não havia tomado um gol sequer. Tomou 5 hoje.

Fim de jogo. Meu pai triste, irritado e desapontado com a derrota. Eu, também tricolor, admirado pelo jogo que presenciei. Meu time perdeu, mas tenho orgulho em saber que torço por um clube que faz parte do maior espetáculo do futebol. O nível máximo, supremo de paixão, amor e emoção. Nada se compara a um Fla x Flu. Parabéns Flamengo e Fluminense por protagonizarem algo transcendente e fora de qualquer realidade palpável no futebol mundial. E como diz o grande profeta tricolor: “ O Fla x Flu nasceu a 45min antes do nada”.

2 comentários:

  1. Você sabe que não curto muito futebol, mas, você escreve tão bem que eu quis ler seu texto até o final pra saber o desfecho do grande clássico carioca.

    O texto tá muito bom mesmo. Parabéns. *-*

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  2. Caro Lucas,
    Acabei encontrando o seu Blog pelo Bastidores da Profissão, justamente logo após postar no meu Blog sobre o Fla x Flu também, mas não tão bem quanto a sua postagem, o que postei foi apenas uma tirinha de humor sobre o Caso. Parabéns Pelo Blog

    http://www.aindaetempodemorangos.blogspot.com/

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