domingo, 29 de novembro de 2009

Goleada necessária

Muitos amigos dizem que o Fluminense sentiria a grande derrota sofrida pela LDU, na quarta feira, dia 25. Mas o tricolor não se deixou abater e venceu o Vitória neste domingo, dia 29 por 4x0, num Maracanazo com 52mil pessoas. Aliás, esse resultado é algo que Flu pretende atingir para tentar levar o segundo confronto com a Liga para os penaltys. É o resultado mínimo necessário. Esse jogo contra o Vitória foi um ‘ensaio’.

O pó-de-arroz não jogou com toda a força. Isso foi visto em campo. Calma! Não estou dizendo que o Fluminense jogou mal. Pelo contrário. O time colocou o rubro-negro baiano na roda e jogou num bom nível. Mas todo torcedor sabe que aquilo não é nem a metade da capacidade desse atual time. O bom futebol que vem mostrando, aliada à raça, vontade, atitude e força máxima, são fatores fundamentais para que o tricolor possa sair vencedor e, quem sabe, com o título inédito. Outra coisa: a falta de altitude também. Lembrando que a vitória foi 2x1 para a LDU. Os 3x0 foram da altitude. Covardia.

É engraçado que as pessoas dizem que o tricolor não conseguirá. Alguns dizem que não há condições. Parecem que esquecem das tantas coisas impossíveis que esse time já fez esse ano. As matemáticas apontavam 99% de chances de o tricolor cair. Hoje, nós estamos fora do z-4. Alguém ainda tem coragem de dizer, agora, que o Fluminense tem 99% de perder o título? Pior que tem.

Se o time-das-três-cores-que-traduzem-tradição conseguir um 2x0 logo no primeiro tempo, a coisa ficará feia para a Liga. Esse time do Fluminense não desiste fácil. Ah não desiste mesmo!

A partida de quarta-feira será inesquecível, épica, emocionante e tirará o fôlego de Flamenguistas, Vascaínos e Botafoguenses. Secarão a vontade, e isso é normal no mundo social do futebol. Torcedores secam seus outros amigos. Isso pouco importa ao tricolor. Na verdade, tudo é possível quando quem faz é o Fluminense. Querem se superar? Mudem seus nomes para Fluminense Football Club.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Fluminense é um time copeiro

A vitória do Flu ontem contra o Dream Team Fight do Cerro Porteño, encheu de esperança a torcida tricolor. Primeiro: vai pela segunda vez em dois anos disputar uma final continental. Segundo: o tricolor está louco para enfrentar a LDU.
O Fluminense vem mostrando tremenda competência dentro das quatro linhas. São 12 jogos invicto, sendo 6 vitórias consecutivas. Um banho de números atraentes (para quem gosta de conta) e interessantes. Mas isso não vem ao caso neste momento.

O que quero dizer é que não é só o São Paulo, Internacional, Cruzeiro, Grêmio e Cia que são times Copeiros. Esse termo, na linguagem futebolística, é quando um clube consegue se dar bem em competições de grupos e mata-mata. O Fluminense vem mostrando isso de 2005 pra cá. O segredo do mata-mata é saber otimizar o tempo entre as duas partidas e levar em conta sua relevância, que é a eliminação. O Fluminense parece que consegue jogar nessas ocasiões melhor do que em campeonatos de pontos corridos.

O tricolor se classificou para a final, para o delírio de sua torcida. E agora enfrentará a LDU. O maracanã estará lotado e o Fluminense mostrará para todo o Brasil o que é um time copeiro. E mais: tentará dar o troco na Liga Deportiva Universitária. Os sonhos nostálgicos e saudosistas da Libertadores 2008 encherá de magia a festa da torcida tricolor. E todo eles acreditam no troco.

Ta explicado!

O Palmeiras perdeu para o Grêmio. Tudo bem. O time está mal, parece desmotivado e torce para que o campeonato acabe logo, pois, se depender das suas próprias forças, não irá nem para a Libertadores ano que vem. O Verdão não pontua mais, os jogadores parecem ‘gatos dentro do saco’. Estão perdidos em campo. Até o final do primeiro tempo da partida contra os gaúchos, eu não sabia explicar o porquê desta fase negra do Porco. Ninguém sabia.

Mas a resposta foi levada à tona. Obina e Maurício explicaram muito bem a situação depois daquela troca de gentilezas ontem, dia 18 de novembro, pela rodada 36 do Brasileirão. A trágica queda do Palmeiras estava empunhada no braço de Obina. Aquilo representou a fraqueza daquele elenco. Um time que está desequilibrado e sem qualquer perspectiva. O zagueiro e o atacante foram ‘demitidos’ pelo vice-presidente Gilberto Cipullo. A atitude mais correta e sensata. Mas isso não apaga o momento vivido pelo alviverde imponente.

Aliás, o hino traduz muito bem a situação de ontem contra o Grêmio: “Quando surge o alviverde imponente, no gramado em que a luta o aguarda”. Obina e Maurício absorveram tão bem isso, que acabaram se esmurrando no gramado. Eles interpretaram o hino de forma literal e explicaram para o torcedor toda a situação do clube.

sábado, 7 de novembro de 2009

ENCLAUSURADA E SEGREGADA

“Podem ter certeza que a seleção que disputará a Copa no ano que vem será a mais fechada da história do nosso futebol. A imprensa terá muito menos liberdade para trabalhar. E não tem nada a ver com a África do Sul. Em Weggis, a liberdade foi total e todo mundo reclamou da bagunça. Então vamos fazer diferente desta vez”.

Foi com essa declaração que o Presidente da CBF Ricardo Teixeira deixou atônito toda a imprensa e a torcida sobre a disponibilidade de cobertura de notícias para a Copa do Mundo de 2010, que será realizada na África. O motivo: a excessiva liberdade dos meios de comunicação durante a preparação do Brasil em Weggis, na Suíça, para a Copa ocorrida em 2006, na Alemanha. Segundo o Presidente, esses fatos prejudicaram o rendimento brasileiro dentro de campo durante toda a Copa, e principalmente a partida contra a França nas quartas-de-final.

Mas o torcedor sabe que fatores técnicos e táticos também contribuíram para o péssimo rendimento da seleção Canarinho na Alemanha. O próprio Treinador Carlos Alberto Parreira afirmava à época que o Brasil jogava com 4 atacantes, sendo Kaká e Ronaldinho Gaúcho como meio-campistas. A conseqüência disso foi um time forte ofensivamente, porém desentrosado. O setor defensivo contava apenas com 2 zagueiros fixos, Lúcio e Juan, além de Emerson como volante, que fazia às vezes a função de terceiro defensor para equilibrar os avanços dos laterais Cafu e Roberto Carlos. Zé Roberto ficava fora do chamado ‘Quarteto Fantástico’, composto por Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. No papel, era um time de craques, mas sem vontade de vencer.

A voz do povo

Em seus 7 anos trabalhando como porteiro no Condomínio Vênus, Cícero Farias, 32 anos, sempre assistiu aos jogos pela TV coletiva de 14 polegadas ao lado dos seus amigos de trabalho, com sistema de televisão fechada, em que todos os funcionários dividem os gastos para poderem usufruir de canais como Sportv e Espn. Atualizado sobre as declarações do Presidente da CBF e das expectativas para a Copa na África, o trabalhador concedeu esta entrevista.

Com um pouco de receio em conversar, Cícero Farias afirmava com grande humildade que não entendia muito sobre futebol. Apenas pura ilusão. Enquanto encontrava-se em sua pequena guarita, observando as câmeras e o tráfego do condomínio, Cícero Farias respondia às perguntas de forma leve e consciente.

Lucas Peixoto – O senhor acha que o maior erro da seleção brasileira na copa do mundo em 2006 foi conseqüência da pressão exercida pela imprensa e torcida sobre o elenco?

Cícero Farias – Eu acho que a pressão da torcida e imprensa atrapalha, pois o jogador fica sobrecarregado emocionalmente, sentindo-se cobrado. Mas por outro lado, a torcida pode ajudar se ela for compreensiva e não atrapalhar. Se ela apoiar o time nos treinos de forma saudável, isso pode ajudar dentro de campo.

LP – Mas muitos dizem que o Brasil jogou mal tecnicamente, principalmente contra a França. Além da pressão da imprensa e torcida, faltou algo mais àquela seleção?

CF – Faltou força de vontade e mais futebol ao Brasil, mesmo com um time de craques como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Adriano e Kaká.

Quando perguntado sobre os possíveis favoritos à conquista da Copa 2010, o jovem Cícero parou por alguns segundos enquanto pensava em uma resposta. Foi quando apontou Itália e Alemanha. “Se tivesse que escolher uma terceira equipe, colocaria na disputa o Brasil”, afirmou Farias.

Quando perguntei sobre deixar a Espanha, atual campeã da Eurocopa 2008 sobre a Alemanha, fora da disputa, o porteiro objetou-se: “Mas foi só naquele momento. Para mim, as seleções pequenas podem surpreender ano que vem e tirar o título dos times tradicionais. Já estão mostrando sua força nas Eliminatórias Européias e podem dar muito trabalho às grandes seleções”.

Eu, robô

Interessante a forma como que se ‘criam’ futuros candidatos para concorrer a cargos no governo. Pessoas da comunicação, do marketing e da publicidade modificam a fala, a postura em frente ao povo, o comportamento e até o pensamento.

Dilma Rousseff é um exemplo dessa lavagem cerebral. Uma candidata sem experiência política e que só possui competências administrativas, o que é insuficiente para ser presidente. Vive da sombra petista de Lula, que busca ser a imagem e semelhança feminina do atual ‘comandante’ brasileiro. Até publicitários e mercadólogos conhecidos estão na luta para ‘construir’ a senhorita Dilma. O responsável pela campanha do presidente Barack Obama, Scott Goodstein, colocará a candidata petista em um pedestal de credibilidade. As campanhas na internet também estão sendo criadas para esse objetivo.

Dilma Rousseff ultimamente toma aulas para melhor comportamento e até anda cuidando da beleza. E o mais trágico e engraçado às vezes: criando um pensamento político voltado à causa ecológica. Dilma preocupada com aquecimento global e desmatamento? Parece até uma concorrência contra a canditatura Marina, do PV, antes filiada ao PT. A concorrente de Serra e Cia anda até participando de congressos em busca dessa boa causa. A cópia feminina do atual presidente deve ser alvo de chacotas e piadas por outros representantes nesses eventos. Mas tudo isso em off.

Essa é a realidade do cenário político nacional e internacional. Não se faz mais política com naturalidade. Se faz com fingimento e frieza. Dilma e tantos outros parecem mais robôs no palácio, que se comunicam de forma padronizada e executam funções de forma programada. Quem faz política hoje é a publicidade. Não existem mais políticos.

domingo, 1 de novembro de 2009

Um clube sem início, meio e fim

Caro leitor, dizem alguns que jornalista da área esportiva não pode, em momento algum, revelar sua paixão clubística. A ética, a imparcialidade (o que é uma aspiração infundada) e as normas jornalísticas não permitem tal atitude. Mas quem escreverá aqui não será eu enquanto estudante de jornalismo. Será Lucas Peixoto, torcedor apaixonado pelo Fluminense Football Club.

Fluminense e Cruzeiro digladiaram no Mineirão dia primeiro de novembro. Um dia marcante para a história tricolor. Um time tresmalhado no começo e guerreiro no final. Foi um primeiro tempo deprimente. O Fluminense não conseguia resistir aos ataques mineiros. Não ditava um ritmo de jogo. O coração ficava apreensivo, enquanto à distância meu pai dizia-me as emoções do jogo por telefone. Meu amor por minha namorada, que é maior do que pelo tricolor, me fazia ausente da partida televisiva.

O Fluminense viu sua chance de gol quando Maicon, depois do lançamento do zagueiro Dalton, foi ao chão de forma incomum. Sobrenatural de Almeida, que não podia ficar fora desse épico embate futebolístico, foi convidado a sair das crônicas de Nelson Rodrigues e aparecer aqui.

Mas o fugidio lance não foi o suficiente para tirar o ânimo do Cruzeiro, que logo depois fez o primeiro gol, aos 13 minutos. O lateral Gilberto passou a bola para o lateral Jonathan marcar. 1 x 0 Cruzeiro. Começa então o desespero ululante dos jogadores. A tênue linha psicológica converte-se em prantos e desespero da torcida.

O lado esquerdo do Fluminense estava desamparado nas costas do jovem Dieguinho. O pobre garoto, que possui qualidades, não era capaz de parar os avanços cruzeirenses, que pareciam titãs recém despertados, loucos para devorar o desprotegido Fluminense e seus atletas.

O pó-de-arroz, em mais um pueril avanço, conseguiu uma boa finalização de Maicon. A bola mudou seu trajeto pelas mãos do goleiro Fábio. Pênalti para o Cruzeiro. Diogo deitou abaixo Guerrón depois de um ingênuo carrinho por trás. Wellington Paulista bateu e... perdeu. Desperdiçou a cobrança depois de jogar a pelota afora.

Para completar o desastre, aos 30 minutos a assombração guerrônica do ano passado toca para Wellington Paulista que, retratando-se, marca para a Raposa. O camisa 9 domina o lance como tal, dribla desconcertantemente o zagueiro, desconsidera o arqueiro e manda aos fundos do gol. 2 x 0 Cruzeiro. E meu pai no sofá, infelizmente sofrendo com minha ausência.

Em seguida, para afligir ainda mais corações verde-branco-grenás, Fabrício, depois de uma sobra de bola conseqüente de um escanteio, domina e manda um chute alá-Rivelino. Bate na trave. O Cruzeiro que poderia estar goleando com fúria avassaladora, sufoca meu time. E do meu pai, que torce desde 76. Convido agora nosso Gravatinha para mudar a situação da partida. Termina o primeiro tempo e a magia tricolor entrará em campo.

Começa o segundo tempo e quem está no estádio percebe o brilho no olhar guerreiro dos jogadores do Flu. Estavam em fúria, prontos para a maior batalha e maior vitória dos últimos tempos. A virada será intensa, de acordo com nossas tradições. Um triunfo com oportunismo, suor e lágrimas.
Em nenhum momento meu pai perdeu a esperança. Coisa rara, vindo de alguém que se irrita facilmente quando nosso time joga mal. Mas dessa vez não. A experiência dele de 33 anos como torcedor me encheu de esperança, como o nosso verde. Eu, do outro lado e envolvido em outra atividade, estava impossibilitado de acompanhar a partida na TV.

Aos 10 minutos, um gol oportunista. Conca jogou na área, Maicon girou desatinado e a história tricolor consagrou-se em Gum, que dominou e mandou o chute na cara do gol. Cruzeiro 2 x 1 Fluminense. Meu pai vibrava de forma arrebatada. A esperança do verde tricolor renasce. O vigor e o amor do grená transcendem. E como disse o narrador, ‘Gum faz o primeiro’. É como se todos soubessem como seria o resultado final.

Aos 13, do meio de campo Conca lança para Fred na entrada da área. O atacante domina, menospreza o Cruzeiro e manda o foguete. O pé adversário ajuda. Gravatinha põe a mão na cronologia. Um gol suado, digno da luta do craque. Fred não comemora em respeito aos mineiros. Ninguém comemora junto. Todos estão insaciáveis, famintos e loucos para devolver o que receberam da Raposa. O óbvio, mais que ululante, reforça a velha filosofia de que “se quiseres saber o futuro do Fluminense, olhai o teu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória”. Ufa: 2 x 2 Fluminense! As lágrimas do meu pai caem. Começa-se o desatino da santa paixão tricolor

Conca estava jogando com fina classe o futebol que é dele, que é argentino e que é brasileiro. Fred com oportunismo de craque. Maicon com arrancadas radiantes. Faltava o golpe final. Eis que Conca lança Maicon pela ponta direita. O craque avança, dribla o lateral cruzeirense e toca para outro craque – Fred – que domina e, com frieza, mata a partida: Fluminense 3 x 2 Cruzeiro. E mais uma vez não comemora. É o fim. Cruzeiro nocauteado, meu pai em prantos. Então meu celular toca: “Vencemos, vencemos! Vamos sair dessa! Não merecemos cair!”.

Em 18 anos de afinidade e cumplicidade paterna, nunca vi tamanha alegria estampada na face tricolor do ‘meu velho’. Nessa partida percebi que a história do Fluminense não tem início, nem meio e nem fim. Tudo se junta de forma imperceptível e surpreendente. As glórias do passado se traduzem no futuro, e o meu time, o time do meu pai e de uma gloriosa e guerreira torcida vence mais uma batalha. A esperança se renova. Nós não cairemos mais. Jamais. Nosso sol da manhã sempre brilhará.
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