quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Brincar de ser líder é bom...

O Campeonato Brasileiro desse ano está com uma peculiaridade: essencialmente, Fluminense e Corinthians sempre dividem a liderança da competição. Como se fosse um pacto. Nessa semana um é líder, na próxima é o outro, e por ai vai... Parece uma brincadeira de mau gosto – ou bom gosto, como acharem melhor. E nesse troca-troca de liderança, times como Cruzeiro, Internacional, Atlético-PR, Botafogo e Santos vão surgindo como outros possíveis candidatos ao título. Mas as chances caem na mesma ordem da lista.

Brincadeiras a parte, o tricolor e o alvinegro têm índices de regularidade altíssimos. Nenhuma das duas equipes ficou mais de quatro partidas sem sentir o gosto da vitória. O Fluminense já conseguiu dois empates e uma derrota, assim como o Corinthians. Uma explicação para isso? Pode ser o fato de terem os maiores elencos da competição.

O atual líder, Fluminense, surpreendeu a todos e não sofreu uma queda vertiginosa com a ausência de Fred, Emerson, Diguinho, Diogo e Carlinhos nas rodadas passadas. Tudo bem que algumas oscilações ocorreram e causaram a perda da liderança, coisa que o Flu já tratou de recuperar.

Do lado alvinegro, a condição física e o psicológico é que faz a diferença. O time corre o jogo inteiro e toca a bola com uma calma característica dessa equipe. Uma marca adotada por Mano Menezes e reforçada pelo atual técnico Adilson Batista. E com todo respeito ao atual treinador da seleção brasileira, o novo comandante que o substituiu deu um ‘upgrade’ nessa equipe: uma mobilidade incrível, coisa que não se via no time de Mano. Os volantes invertem as posições e partem para o ataque com a certeza da cobertura de alguém. Bruno César se desdobra no meio campo e chega à frente com certa facilidade. Se com Mano já era bom, com Adílson ficou melhor ainda.

Restando 12 rodadas para o final do Brasileirão, Fluminense e Corinthians, por enquanto, são os maiores merecedores do título. E até brincar de revezar a liderança eles brincam. Resta saber quem se aproveitará dessa brincadeira no dia 5 de dezembro – quando se encerra o campeonato. Ou então se algum time entrará nessa brincadeira também. Brincar de ser líder é bom, mas tem muito time que também leva o Brasileirão a sério.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Corinthians a três passos do título

Tudo bem que o campeonato está muito longe de terminar, mas o time de Adílson Batista tem três partidas importantíssimas para o futuro do Timão no Campeonato Brasileiro. Precisa passar pelo Santos, Internacional e Botafogo. A primeira tarefa já foi cumprida: venceu os meninos da vila por 3x2 em partida fantástica, na qual Elias desequilibrou – mais uma vez – e decidiu o jogo para o alvinegro.

Agora falta o Internacional, neste domingo, no Beira Rio. O Colorado perdeu para o ascendente Atlético-PR na rodada passada, mas ainda é um forte candidato ao título. Tem um belo time e um jogo a menos. A tarefa do Corinthians é complicadíssima, mas se passar sem problemas, dará o segundo passo.

A terceira etapa é o Botafogo carente de Maicosuel. O meio-campista se contundiu e só volta em 2011. Mas notícias boas também empolgam o time carioca: Jobson pode voltar para essa partida e desequilibrar mais uma vez. Vencendo o Botafogo, o time de Elias e cia. darão o último e principal passo para a conquista do Brasileirão.

Pode ser que achem que é exagero meu, e que tem muita coisa para acontecer. Mas, vamos analisar: o Timão bateu o Fluminense e Santos, concorrentes diretos. Se bater também Internacional e Botafogo abrirá três pontos de distância dos dois. Falta ainda o grande Cruzeiro, que vem sendo o principal candidato depois do Corinthians. O jogo é na rodada 35. É decisivo!

Basta fazer os deveres de casa contra seus concorrentes diretos. A começar pelos próximos dois jogos. Com a tarefa cumprida, é manter o foco e não tropeçar com os pequenos – coisa que já aconteceu no turno passado.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Futebol sergipano no inferno dantesco

O futebol sergipano pode ser comparado ao inferno criado pelo italiano Dante Alighieri. O livro “A divina comédia”, dividido em “Inferno”, “Purgatório” e “Paraíso”, foi escrito entre 1304 – 1321 e narra a epopéia imaginada pelo autor e Virgílio, poeta romano clássico que viveu antes de Cristo. Eles passam por situações de superação em um universo catastrófico do Inferno e se deparam com pessoas traidoras, luxuriosas e responsáveis por todas as mazelas do mundo. E com alguns inocentes também. Mas no futebol sergipano, essa história de superação está longe de acontecer.

Com uma temporada péssima, os dois maiores times do Estado, Sergipe e Confiança, ficam à parte das principais competições. O Confiança foi eliminado do Campeonato Brasileiro da Série D, junto com o River Plate - o Sergipe nem participou -, e também deram adeus às chances de classificação no Campeonato do Nordeste. O Mais Querido encontra-se na lanterna e o Dragão, que não cospe fogo algum, está em 12° lugar.

E se na obra de Dante os personagens precisaram ultrapassar nove círculos – etapas do inferno criadas pelo escritor – para sobreviver, os clubes sergipanos também têm nove círculos para vencer.

O primeiro círculo é a falta de oportunidades estruturais para financiar os times do Estado. Sem uma política econômica sólida, empresa alguma terá interesse em estampar seu nome nas camisas dos clubes daqui. Nem Norcon, nem Celi, nem nada.

No segundo ‘andar’ do inferno, existem as destruídas e abandonadas sedes dos clubes que deixam a desejar em suas estruturas. O local de treino do Confiança, por exemplo, dá até pena.
Podemos visualizar no terceiro círculo um incoerente projeto de formação de novos talentos Ou melhor, os times vendam os olhos para os garotos. Muitos jovens estão nas categorias de base do Cruzeiro, por exemplo. Mas e aqui? Cadê?

O quarto círculo serve para algumas pessoas específicas, como Milton Dantas, presidente do Confiança e Carivaldo, presidente da Federação Sergipana de Futebol – FSF. É nesse nível do inferno que, segundo Dante, vivem os pródigos e avarentos, aqueles que são sórdidos ao dinheiro. Não precisa dizer mais nada.

No quinto nível, coloco os torcedores que abandonam os times nas horas mais difíceis. E atribuo ao sexto círculo os torcedores que, apesar de todos os problemas do futebol, teimam em menosprezar os principais times do Estado. Clubes com história e tradição, mas que infelizmente encontram-se nesse estado.

Os pecadores que foram culpados justamente ou injustamente encontram-se no sétimo andar do inferno. Coloco ai jogadores renomados e veteranos que não renderam o suficiente e decepcionaram em suas aparições pelas terras sergipanas. A exemplo de Beto que, com ou sem pecado, não contribuiu em nada com suas atuações. Deu uma de ‘barqueiro’, ou seja, colocou o nome acima da postura profissional. E de jogador barqueiro Sergipe ta cheio. Trocam treinos por baladas e esquecem das responsabilidades. Culpa do jogador? Em grande parte, sim.

É no penúltimo círculo que, segundo Dante, existem os violentos. E por isso insiro alguns torcedores das organizadas do Estado, estes que rebaixam ainda mais o futebol daqui. Enfim, no último circulo estão alguns profissionais da imprensa que criam falsos ídolos e iludem o coração do torcedor apaixonado, além de atribuírem a qualquer jogador o status de salvador da pátria. Carente de ídolos, esses jornalistas criam um falso futebol, com técnicos e jogadores virtuais. Além disso, se vê uma exaltação aos times do Sul e Sudeste do país, como se fossem Deuses que precisam ser idolatrados.

Todo esse desastre pode ter solução? Em tese sim, mas é necessária uma reviravolta muito grande em questões que demandam bastante tempo. É uma reestruturação que precisa de articulações bem definidas por parte do Estado, das empresas privadas e, principalmente, de novos gestores do futebol. Se até Dante Alighieri e o poeta Virgílio, depois de muito sofrimento, superaram as desgraças do Inferno para chegarem ao Paraíso e vislumbrar um final feliz, por que nosso esporte também não superaria? Vamos sair da posição de pior futebol do Nordeste e voltar a uma colocação digna das tradições futebolísticas de Sergipe.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Maracanã: diminuem o seu tamanho, mas não sua grandeza

O fechamento do Estádio Jornalista Mário Filho - o Maracanã - para as reformas que visam a Copa de 2014 é uma coisa certa e coerente por parte da Confederação Brasileira de Futebol - CBF. Nada de jogos enquanto se tem uma reforma. Até aí tudo bem. Mas o que, com certeza, traduz um 'antitradicionalismo' por parte da CBF e da Fifa - Federação Internacional de Futebol - é a redução das dimensões do gramado e do público daquele que já foi e não será mais o maior do mundo. Ou melhor, já não era desde a reforma anterior.

O Maracanã se consolidou desde a sua criação, em 1950, como um estádio de tamanho colossal para atender a grandes públicos e a jogos históricos. Cabia mais de 180 mil torcedores - e até 200 mil, como na final da Copa do Mundo de 1950, contra o Uruguai. Hoje comporta 80 mil e futuramente caberão 76 mil. Não que isso seja pouco, pois não o é. Mas que sofreu uma diminuição de mais de 100% do seu público em 60 anos de história.

Os argumentos para as reduções são os mesmos de sempre, mas nem por isso menos válidos: o melhor conforto. Da geral para as cadeiras, em 2014 o grande estádio terá todas as poltronas numeradas, com rampas para aumentar a facilidade de escoamento dos torcedores no fim das partidas. Segundo a FIFA, o tempo máximo é de 8 minutos. Hoje, isso se dá em média de 20 a 30mim.

Mas, como torcedor, a redução de quatro mil lugares não é algo tão revoltante. O principal é a diminuição do gramado, que era de 110m x 75m, para 105m x 68m. É pouco? Em números parece, mas em comparações não. O gramado do Mário Filho ficará semelhante ao da Vila Belmiro, alçapão santista. E agora? É pequeno ou não é?
No Maracanã, com as dimensões normais, muitos craques já brilharam e muitos e desconcertantes dribles entraram pra história. Uma história que vai sendo ofuscada a cada dia pelas modernidades e exigências desmedidas do futebol.

Nada contra a reforma. Reduzir de 180 mil para 76 mil corações apaixonados gritando por um time não deve diminuir o valor histórico do estádio. O Maracanã continuará sendo grande. Mesmo assim, tchau, Maracanã. E 'bem-vindos' gramados fenomenais, cadeiras confortáveis e público restrito.

Flu retoma o caminho do triunfo

A vitória do Fluminense contra o Ceará marcou a volta daquele time que estava jogando por música no campeonato brasileiro. Na estréia no Engenhão, o Mariano e Washington – duas vezes – marcaram pelo tricolor. Geraldo descontou no finalzinho para consolar o Ceará, que cai de posição a cada rodada.

Muricy armou o time no 3-6-1, dando liberdade aos laterais e principalmente ao argentino Conca, que, ao lado de Deco, jogaram mais próximos de Washington. E deu certo. O time mostrou mobilidade e corroborou uma tese inicial: esse time só rende ao máximo quando atua com três zagueiros. Mariano e Júlio César são alas que, quando utilizados como laterais – num 4-4-2 – não tem tanta liberdade para atacar.

E no fim do jogo Deco diz que o estádio do Botafogo lembra o do Porto-POR, seu primeiro grande time. Deve ter servido de inspiração para sua boa atuação.

Agora é esperar o fechamento da rodada na quinta-feira para ver a situação de um campeonato que se torna cada vez mais emocionante. Fluminense e Corinthians duelam pela liderança. Cruzeiro, Botafogo, Santos e Internacional se estapeiam logo atrás.
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