quinta-feira, 10 de setembro de 2009

É culpado, mas é humano

Nelsinho Piquet foi íntegro e objetivo no seu depoimento feito à Federação Internacional de Automobilismo (FIA), hoje, dia 10, alegando com todas as palavras que provocou mesmo o acidente no GP de Cingapura em 2008. O objetivo foi feito essencialmente para ‘ajudar’ seu companheiro de equipe, Fernando Alonso. Mas a história é ainda mais complexa e pode ter vários vilões.
Segundo depoimento, Nelson afirma que o acidente foi proposital, com o aval do Senhor Pat Symonds, diretor técnico da equipe e pelo ‘digníssimo’ Flávio Briatore, ‘manager’ e diretor da Equipe Renault. Os dois indivíduos chegaram a Nelsinho e propuseram que ele batesse o carro na volta número 13 ou 14 em uma curva X, para que o safety car fosse à pista. Antes disso, na volta 12, Fernando Alonso entraria nos boxes para abastecer. Com o safety car na pista, Alonso ultrapassaria o máximo de carros possível. Isso aconteceria – e aconteceu – pois os outros carros aproveitariam para abastecer e como Alonso já teria ido aos boxes, conseguiria essa grande vantagem.
Nelsinho afirma que aceitou a proposta por motivos emocionais. “No momento da conversa, estava em um estado mental e emocional muito frágil. Este estado de espírito foi provocado pelo estresse intenso causado pelo fato de que o Sr. Briatore se recusou a informar da existência da renovação de meu contrato de piloto para 2009, como habitualmente ocorre no meio da temporada (entre julho ou agosto). Ao contrário, o Sr. Briatore repetidamente pediu-me para assinar uma "opção", o que significava que eu não estava autorizado a negociar com outras equipes no mesmo período. Ele repetidamente me colocou sob pressão para prolongar a opção que tinha assinado, e iria me chamar regularmente em seu escritório para discutir a renovação, mesmo em dia de corrida - um momento que deveria ser apenas para concentração e relaxamento. Este esforço foi acentuado pelo fato de que, durante o GP de Cingapura, tinha me classificado em 16º no grid, então estava muito inseguro sobre meu futuro na Renault. Quando me pediram para bater o carro e provocar a entrada do 'safety car' a fim de ajudar a equipe, aceitei porque esperava que pudesse melhorar minha posição na equipe neste momento crítico da temporada. Em nenhum momento fui informado por qualquer pessoa que, ao concordar em provocar um incidente, eu teria garantido a renovação de meu contrato ou qualquer outra vantagem. No entanto, no contexto, pensei que seria útil para alcançar este objetivo. Por isso, concordei em provocar o incidente”. Afirmou Nelson Piquet Jr.
Se alguém observar o contexto, dirá que Nelsinho Piquet é o culpado e que deve ser banido das pistas. É relevante dizer que a atitude foi malcriada, mas a culpa não é só do piloto. O Sr. Briatore e o Sr. Pat Symonds possuem uma parcela de culpa bem maior do que a de Nelsinho. O piloto é jovem, estava emocionalmente abalado, o que é normal. Esse tipo de atitude imatura acontece com qualquer jovem que esteja começando em qualquer modalidade esportiva, seja automobilismo, futebol, vôlei, esportes olímpicos em geral ou basquete. Poderia ter pulso firme e ‘enfrentado’ os dois Senhores. Mas não o fez. Aceitou a proposta e achou que poderia renovar seu contrato.
No depoimento, Nelsinho comentou que muitos jornalistas perguntaram se o acidente foi proposital. Nelson mentiu. Mentiu também para o engenheiro da equipe, que achou estranho um carro acelerar enquanto ia em direção à parede.
Nelson Piquet Jr. infelizmente – e ele mesmo reconhece – não tem os mesmos atributos técnicos do pai, nem a mesma competência nas pistas. Mas podem ter algo em comum: Honestidade, pois o filho reconheceu o erro e a educação permite que se arrependa dos atos que fez. Parece que estou sendo humano demais, mas acredito que Nelsinho aprendeu a lição e deve ter ‘crescido’ mais na sua carreira.

Um comentário:

  1. Bahia, meu filho... Nelsinho tem culpa e isso é fato. Pq ele poderia ter usado esse argumento para queimar a raneult e picar-se para o eterno inimigo de briatore, frank williams. Todavia, balançou a cabeça para Briatore, pq Piquet pai tinha uma boa relação com ele e acreditava que o contrato seria renovado, mas deu jabu do mesmo jeito. Pois ele passou a conviver com a ameaça de ser mandado embora a qualquer momento.

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